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Nossa experiência no interior

Tipo de projeto

Fotografia no voluntariado em Aquiraz, durante o nosso projeto de agricoltura biologica em uma fazenda

Data

Julho 2022

Lugar

Aquiraz, Ceará
O Ceará é um estado do Nordeste do Brasil. A sua história é marcada pela colonização portuguesa e pelas ocupações temporárias de povos estrangeiros, como os holandeses. A sua população encontra-se concentrada na região metropolitana de Fortaleza, assim como em cidades médias do interior do estado. O clima tropical e a vegetação de Caatinga caracterizam a geografia cearense.

"O que pensei de todos os homens ali presentes.

O primeiro claro, foi Leo. Tinha de ser Leo. Ele era dono de uma tez cor de carvão, dessas que belamente encaram o sol. Seus olhos eram donos da mais bela ignorância. A ignorância que lembra Jerônimo de Jorge Amado, em país do Carnaval. Ele sorria e acenava sem muito falar, sem muito expressar. Mas sorria fácil de piadas infantis e sabe, lembrava mesmo Jeronimo. A forma como ele, sem saber, ovaciona a sua própria ignorância, como Jerônimo que odiava Pedro Ticiano por este lhe mostrar a dura frieza de uma vida sem enfeites e firulas. Uma via cheia de saberes e dúvidas infinitas provindas dos saberes outrora ganhos. Um loop que nada faz bem.

Não, obrigada. Prefiro a ignorância infantil de Jerônimo, de Leo, que preferem se ater religiosos, sem telefones celulares, rindo de piadas infantis e mal sabendo o que é o amor pra além de um casamento muito bem planejado, obrigada. Algo na simplicidade ignorante que beira a mais completa felicidade, me encanta. Algo nos olhos de Leo me encantou, e espero que ele se encante pela vida mais e mais, também.
Jerônimo era feliz em sua religiosidade cega que lhe prometia o paraíso ao final do dia. E assim é Léo, que mesmo morando no inferno onde inocentes também morrem, consegue ser feliz nutrindo uma ignorância que é só dele.

Luis. Esse rapaz que mais parecia um adolescente afoito por mostrar que poderia ser ele por si só em um mundo cão. Mostrava para todos que podia ser melhor do que aquilo, sempre. Fosse ao falar "eu também vi esse filme" quanto pra dizer o quanto ganhava e o quanto fazia questão de ganhar, sendo ajudante de pedreiro, sendo agricultor. Luiz era engraçado. Tentava nos botar medo gratuitamente, ou espelhar seu próprio medo em outrem, nunca saberei.

Eudis parecia aquelas crianças que não sabem falar direito e fazem cara feia pra tudo como um instinto de proteção. Não te dava um olá, um bom dia. Mas oferecia tapioca preparada por sua mãe subitamente no meio da tarde. Te oferecia macaxeira. Dizia "cortei essas bananas aqui pra vocês".

Todos eles, em seu modo, são rostos que não quero esquecer. Feições alongadas, feições achatadas. Orelhas compridas, braços cansados. Olhos pequenos e vontade, uma vontade enorme de viver, sem saber que está vivendo."

Esse texto é uma obra original de Victoria S. Prado.

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